sexta-feira, 15 de abril de 2011

ECOLOGICAMENTE GOVERNAMENTAL

No mais longínquo dos tempos um paraíso existiu.
Tinham montanhas vermelhas, brancas, negras, amarelas e cinzentas.
Tinham verdes vivos que cobria o solo para os animais pastarem.
Tinham frondosas árvores, para as aves aninharem,
Tinham belas porções de águas para a vida aquática desfrutar
E uma bala vida para os inteligentes usufruírem.
A noite foi para admirar o luar, ver as estrelas
Que embelezam o céu, sombreando a terra.

Um dia aquecida viraram, cinzas em espigões negros e desertos.

Na oca, os lampiões não iluminam mais,
Seus costumes e artefatos servem de relíquias em peças de museus,
Seus habitantes, hoje filmam uma selva concretada.
Lembrando o angaturama
E seus ancestrais que com danças e cachimbo celebravam a paz.

Ontem a neblina, hoje a fumaça.
Ontem o machado, hoje a motosserra.
Ontem o oxigênio, hoje o gás carbônico.
Ontem o rio, hoje a poluição generalizada.

É meu filho!
Você precisa descobrir onde ficaram as sementes,
E cobrir o chão de verde novamente.

Onde está o progresso, que racional estaria?
Onde estão os preservadores? Ficaram com o vil metal?
Onde estão os ecologistas? O que estudaram...?
Onde estão os ecólogos que existiram...?
Ficaram loucos, ambiciosos ou idiotas!

Da fauna o zoológico tem poucos exemplares,
Várias fotos e um bando de expressões empalhadas.

Não foi falta de aviso,
Nem foi falta de luta.
Foi apenas um desleixo ECOLOGICAMENTE GOVERNAMENTAL.


MOISÉS HERNAN BENDAYAN
Fev/1982, no Encontro Indígena em Altamira.
Obs. ANGATURAMA (espírito protetor dos selvagens muras)

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